“Lost in Translation”

“Lost in Translation” (em Portugal exibido com o nome “O Amor é um Lugar Estranho”) é um filme realizado por Sophia Coppola e que conta com Scarlett Johansson e Bill Murray nos principais papéis.

O filme é sobre o encontro improvável de dois americanos, Bob e Charlotte, que se conheceram num bar do Hotel Park Hyatt, em Tóquio.

Numa cidade enorme e onde as dificuldades de comunicação com os locais são constantes, a solidão que afeta ambos forja uma inesperada compreensão mútua que depressa evolui para a amizade (ou será amor?).

Ao mesmo tempo nostálgico e hilariante, reflexivo e impulsivo, sossegado e elétrico, é um filme fabuloso e inesquecível que ganhou inúmeros prémios, entre os quais o Óscar para o Melhor Argumento original, em 2004.

Estive no Japão em 2015. É, em todos os sentidos, um país do outro mundo! Entre as mais modernas tecnologias e as tradições milenares, entre o sossego absoluto dos ryokans e a energia fulgurante das ruas de Tóquio, entre o protocolo rígido e a criatividade ímpar que caminha em Shibuya, o Japão é, como o filme, um país de contrastes verdadeiramente irresistível.

Confirmo que a comunicação é difícil. Os japoneses falam muito pouco inglês e as diferenças entre os nossos padrões culturais e mentais é tão grande que nos vemos constantemente envolvidos em situações hilariantes. Não chega a ser embaraçoso porque os japoneses, além de muito gentis, têm um sentido de humor muito especial e uma enorme facilidade de rirem de si próprios. A dificuldade de comunicação transforma-se em diversão e ternura, e uma viagem ao Japão não seria a mesma coisa sem ela.

Fui a Tóquio com o filme na cabeça, e visitei muitos dos locais onde é filmado: fui ao bar New York Grill no Hotel Park Hyatt, percorri as animadas ruas de Shinjuku, atravessei o famoso cruzamento da estação Hackiko em Shibuya, visitei o templo Jugan-ji e até passei uma divertida noite de karaoke. E, tal como Charlotte, também dei um pulinho a Kyoto.

Aprendi, com o filme e com o Japão, que não há dificuldades de comunicação que não se ultrapassem com abertura, cumplicidade e uma grande dose de humor ?

Catarina Anastácio